No dia a dia das empresas, a camada de gestão desempenha um papel importante no engajamento do time, no atingimento de metas, na organização dos processos e na promoção de um ambiente de trabalho saudável. E os tipos de liderança influenciam diretamente o êxito dessas ações.
Afinal, de acordo com pesquisas publicadas pela FGV, o comportamento do líder afeta diretamente os colaboradores, tanto na relação com o gestor quanto na relação uns com os outros.
A mesma pesquisa científica aponta, ainda, que ser um líder não é uma habilidade que nasce com as pessoas. Na verdade, ela pode ser desenvolvida, de forma que existem diferentes tipos de liderança, e cada um deles possui suas vantagens.
A pergunta que fica, portanto, é: qual o melhor tipo de liderança? É possível estabelecer uma delas como a ideal? E quando é o melhor momento para adotar um estilo diferente?
Neste artigo, você confere 12 tipos de lideranças presentes no mercado. Também entende mais sobre as vantagens de cada estilo, assim como os desafios por trás de cada um deles. Para saber mais, continue a leitura!
Estudos publicados pela Faculdade Santa Rita apontam que os tipos de liderança são influenciados por fatores históricos, sociais, culturais e até acadêmicos, afinal, conforme pesquisas sobre o tema eram realizadas, ele foi se expandindo.
Logo, é possível dizer que a liderança é um conceito vivo. Ele está em constante mudança, de forma que é possível que novos estilos surjam com o tempo. Como gestores, o importante é se manter atento e, conforme a necessidade, conseguir se adaptar.
Atualmente, existem 12 tipos de liderança bastante conhecidos. Cada um deles possui seus pontos positivos, ao mesmo tempo que possuem certos desafios. Entenda mais abaixo.
De acordo com os psicólogos Ralph White e Ronald Lippitt, a liderança autocrática também pode ser conhecida como chefe. Neste estilo, a responsabilidade e a tomada de decisão ficam centralizadas na gestão, sem uma abordagem consultiva com outras pessoas da equipe.
Logo, é a liderança quem define metodologias, diretrizes, tarefas e qual caminho seguir durante o trabalho. Ela é muito utilizada em situações que demandam tomada de decisão rápida, em ambientes de alta pressão ou em culturas que valorizam a hierarquia clara entre gestão e colaboradores.
Por mais que seja útil em algumas situações, como as citadas acima, este tipo de liderança no trabalho pode gerar baixo engajamento, desmotivação e até um sentimento de não pertencimento na equipe.
Afinal, como a liderança é quem toma todas as decisões, os colaboradores não possuem papel ativo dentro do time, já que não são consultados pela gestão. Segundo White e Lippitt, esse estilo também não costuma abrir margem para feedbacks, pois foca na realização do trabalho mais do que nas relações humanas.
Logo, a longo prazo, a liderança autocrática pode gerar problemas na gestão e até impactar o turnover, pois satisfação e engajamento são parte integral para reter talentos.
De acordo com White e Lippitt, a liderança liberal deixa o time como responsável pela tomada de decisão, assim como pelo próprio gerenciamento. Ela dá autonomia aos colaboradores, de forma que o gestor interfere minimamente na organização da equipe.
Este é um dos tipos de liderança organizacional que funciona com times com mais experiência e com maior vivência de mercado. Dessa forma, os colaboradores conseguem realizar sua autogestão de maneira eficiente.
Por outro lado, a liderança liberal também possui pontos de atenção que devem ser devidamente analisados. Afinal, quando a gestão se torna omissa, pode gerar desorganização, atritos entre colaboradores, falta de orientação e até tomada de decisões inadequadas.
Logo, é importante ter cuidado ao implementar este tipo de liderança. Por mais que ele possa funcionar em alguns contextos, também pode gerar o sentimento de que não existe, de fato, um gestor responsável pelo time.
Entre os tipos de liderança nas organizações teorizados por White e Lippitt, o último é o estilo democrático. Como o próprio nome sugere, ele foca em ouvir a equipe e dar espaço para que ela atue junto à gestão durante a tomada de decisão.
A liderança democrática ouve os colaboradores, busca encontrar soluções em conjunto, incentiva o diálogo, fomenta a criatividade e a inovação e, ainda, estimula um ambiente de trabalho flexível e adaptável para as necessidades do time.
No entanto, é preciso estar atento a qual nível de decisão a equipe está tomando. Afinal, em situações complexas, nem sempre a opinião dos colaboradores pode ser a mais adequada.
Em contextos de discordância, a liderança democrática também pode gerar atritos de comunicação entre os colaboradores. Portanto, é interessante aplicá-la com cuidado, para evitar possíveis problemas.
Conforme novas tendências corporativas foram surgindo, outros tipos de liderança (com suas características) foram surgindo dentro das organizações. É o caso do estilo coaching, no qual a gestão atua como um treinador dentro da equipe.
A técnica entende que os times são grupos de pessoas e que, para conquistar objetivos, eles precisam superar seus pontos de desenvolvimento e crescer profissionalmente. Logo, foca nos resultados e no que precisa ser feito para que eles sejam atingidos.
A liderança coaching também se baseia no empoderamento da equipe, para que ela consiga resolver problemas e tomar decisões. A comunicação possui papel de destaque, pois é preciso ouvir o que cada colaborador precisa desenvolver e criar planos para que eles tenham êxito.
Por mais que seja um tipo de liderança bastante promissor, ele leva tempo para surtir efeitos. Afinal, dependendo da habilidade que precisa ser desenvolvida, os colaboradores precisarão se capacitar.
Logo, em situações que demandam atuação rápida, outros tipos de liderança podem ser mais relevantes de serem aplicados (como a democrática e até a autocrática).
Como o próprio nome sugere, este tipo de liderança nas organizações foca em causar mudanças no time, criando oportunidades para que ele se desenvolva e, assim, conquiste os objetivos.
A ideia é que a liderança tenha um papel de transformação dentro da equipe, ensinando por meio do exemplo, estimulando a busca por conhecimento e qualificando os colaboradores.
Uma das metodologias mais comuns de serem aplicadas neste tipo de liderança e de gestão de pessoas é o plano de desenvolvimento individual (PDI). O documento detalha o que precisa ser trabalhado pelo colaborador, como ele fará isso e quais os indicadores de sucesso.
O grande foco da liderança motivadora é engajar a equipe para que, com base em satisfação no trabalho, eles atinjam os resultados. Isso acontece de diversas maneiras, por meio de apoio no dia a dia, na troca de feedbacks (principalmente os positivos), organizando happy hours e até oferecendo benefícios corporativos exclusivos.
Uma das principais vantagens deste tipo de liderança é o reconhecimento frequente dos talentos. Além disso, como o próprio nome sugere, a motivação tende a aumentar, assim como a satisfação.
Por outro lado, a liderança motivadora pode deixar os colaboradores desapontados. Como o estilo de gestão é muito focado em reconhecimento frequente, quando ele não acontece, o time pode ter as expectativas quebradas, o que impacta diretamente em todas as vantagens.
Além disso, diversas ações para que a liderança motivadora seja colocada em prática requer investimentos. Logo, se não houver um caixa específico para reconhecimento, esse modelo pode ser mais complexo de ser aplicado.
Ainda assim, é importante conhecê-lo. Afinal, em algumas situações, a liderança motivadora é um excelente recurso. Como exemplo, é possível citar bonificações atreladas a metas individuais e programas de gamificação.
Entre os tipos de lideranças no trabalho, outro modelo que se destaca é a gestão carismática. Nesse caso, o foco é estabelecer um vínculo com os colaboradores individualmente, focando em relações humanizadas.
A liderança carismática cria um ambiente de trabalho acolhedor, valorizando os colaboradores. Ao construir um clima repleto de bem-estar, a gestão consegue melhorar o engajamento.
Além disso, esse modelo foca bastante na comunicação transparente, na comemoração de conquistas e na construção de confiança junto ao time.
Por outro lado, em algumas situações, os colaboradores podem confundir a relação com a liderança e deixar de ouvir a gestão. Por isso, é importante que a relação respeite alguns limites, que devem ser devidamente comunicados à equipe.
A liderança técnica é pautada em um conhecimento aprofundado e especializado em relação às atividades, processos e funções dentro de determinada área. Esse modelo de gestão busca capacitar a equipe para que ela tenha um alto nível de precisão ao realizar as demandas.
Este tipo de liderança, nas organizações, tende a ter uma visão bastante aprofundada de dados e de realizar as entregas com alto nível de qualidade. Em alguns setores, inclusive, a gestão técnica é um cargo que caminha juntamente à carreira de coordenação (é o caso, por exemplo, da área de desenvolvimento).
Como pontos positivos, a liderança técnica tende a desenvolver equipes de alta performance, extremamente competentes. A qualidade dos materiais também tende a ser bastante elevada.
No entanto, é possível que este tipo de liderança deixe de lado habilidades comportamentais importantes (como comunicação, negociação e até gestão de tempo) para focar no técnico.
Se não aplicado com cautela, o modelo também pode gerar alta dependência da gestão e até diminuir o impacto para inovações. Afinal, em teoria, já existe uma liderança competente, que sabe exatamente como executar as demandas.
Enquanto a liderança técnica foca em desenvolver conhecimento especializado em determinado setor, a comportamental volta sua atenção para o comportamento da gestão.
Nesse modelo, como o líder age é o mais importante. Entende-se, portanto, que o que constitui um líder é sua personalidade, seus valores e sua comunicação, que ficam visíveis durante a gestão de pessoas.
Logo, a liderança comportamental prioriza o comportamento na hora de realizar rotinas com o time. Logo, de acordo com a situação, é esperado que a gestão se adapte da maneira mais eficiente e assertiva possível.
Como ponto de atenção, é preciso equilibrar frequentemente o desenvolvimento técnico e comportamental dos colaboradores.
Entre os tipos de lideranças e suas características específicas existe, ainda, o modelo transacional. Como o nome sugere, ele foca na troca entre gestão e colaborador: caso a pessoa atinja as metas estipuladas, ela é recompensada. Se os resultados não forem conquistados, ela não recebe o reconhecimento.
A liderança transacional estabelece objetivos e metas claras para o time, a fim de que ele trabalhe para conquistá-los. Durante o dia a dia, a gestão também precisa oferecer recursos e apoio para que os resultados sejam alcançados.
Quando as metas são atingidas, a liderança costuma reconhecer os colaboradores por meio de bonificações, comissões, aumentos e promoções.
Por mais que gere alto nível de engajamento, a liderança transacional também deve ser aplicada com cautela. Afinal, se os resultados não forem atingidos, o time pode ficar extremamente desmotivado de maneira repentina.
Além disso, por se assemelhar a uma transação, é possível que os colaboradores não construam uma relação de confiança com a gestão. Por fim, para implementar este tipo de liderança, será preciso ter um orçamento para realizar os reconhecimentos.
A liderança sem intervenção, também conhecida como modelo laissez-faire (em tradução livre, deixa fazer), é um estilo bastante similar ao liberal. Em outras palavras, nesse caso, a gestão exerce pouca influência sobre a equipe, deixando que os colaboradores tomem as decisões e organizem suas tarefas.
A grande diferença está no foco: o modelo sem intervenção tende a realizar a delegação total das tarefas para a equipe, enquanto o liberal tende a dar liberdade para que os colaboradores realizem sua autogestão.
Ainda assim, os modelos são bastante similares e podem resultar em situações bastante complexas de serem resolvidas, como falta de organização, problemas de comunicação, baixa produtividade e até maior abertura para erros.
A liderança sem intervenção costuma funcionar de forma assertiva em times mais desenvolvidos, geralmente composto por pessoas mais seniores.
Por fim, o último entre os tipos de lideranças é o modelo situacional. Nesse caso, a gestão busca se adaptar de acordo com as necessidades dos colaboradores e com a situação que precisa ser resolvida.
Muitas vezes, a liderança situacional aborda mais de um modelo de gestão, flexibilizando sua atuação para oferecer as melhores soluções, seja para a equipe, para os colaboradores (de maneira individual) e até para o cliente, se for o caso.
A maturidade e o momento de carreira do liderado também são constantemente analisados neste tipo de liderança. Afinal, eles serão elementos importantes para que a gestão consiga adaptar seu discurso e até sua atuação.
Portanto, uma gestão que se baseia na liderança situacional pode ter condutas que se encaixariam no modelo motivador, carismático, liberal e até autocrático. Afinal, o que irá definir a atuação dela é a maturidade do time e a situação a ser resolvida.
Com tantos modelos de gestão disponíveis, é normal se perguntar qual o melhor tipo de liderança. No entanto, não existe uma resposta exata para essa questão, afinal, o estilo ideal será influenciado pelo time, pela empresa, pelos objetivos da equipe e até por fatores culturais e sociais, como a chegada de novas gerações no mercado de trabalho.
Portanto, o ideal é conhecer os tipos de liderança existentes, assim como suas vantagens e desvantagens. Dessa forma, consegue analisar a realidade do seu time e escolher aquele que mais faz sentido de acordo com as necessidades da equipe e da própria organização.
Identificar seu estilo de liderança é um passo importante para se conhecer como gestor e para analisar se o modelo adotado está realmente sendo eficaz para o time.
Existem fatores que influenciam cada um dos tipos de liderança apresentados. Compreendê-los é uma maneira de identificar como você age no dia a dia, como gestão, e definir em quais modelos geralmente atua.
O primeiro fator é o estilo de tomada de decisão. De acordo com a maneira com a qual você direciona o time, é possível entender mais sobre seu tipo de liderança. Caso você concentre as definições em você, pode se encaixar mais no autocrático. Se busca ouvir a equipe, pode ser um indício do modelo democrático.
O nível de autonomia concedido aos colaboradores também é um fator relevante a ser analisado. Você precisa gerenciar o time mais de perto? Ou eles conseguem se organizar entre si, para encontrar as melhores soluções?
A maneira como você motiva a equipe é outro fator que influencia no tipo de liderança. Alguns modelos, como o carismático e o motivador, costumam focar nas relações humanas. Já outros, como o estilo técnico, busca engajar o time com base na especialização e no compartilhamento de conhecimento.
O nível de atenção individual que você dá ao time também pode ser um aspecto de análise. Afinal, alguns tipos de lideranças organizacionais serão mais pautadas no foco ao colaborador, como a transacional (que possui metas para cada um), enquanto outros se voltarão para o time, como o modelo democrático.
Por fim, o último fator a ser analisado é a flexibilidade. Afinal, alguns tipos de liderança terão uma abordagem mais adaptável, enquanto outras são mais rígidas e tendem a ser mais consistentes.
Além da autoanálise, outra maneira interessante de identificar seu estilo de liderança é por meio de feedbacks, seja com os liderados ou seus pares de gestão. Afinal, essas pessoas convivem com você diariamente.
É fato que existem diferentes tipos de liderança, com comportamentos que podem ser combinados para chegar no estilo que mais se adequa ao seu time. E, conforme o tempo passa, novos modelos irão surgir. Afinal, a gestão de pessoas é um processo vivo e em constante transformação.
Como profissional de RH, parte da sua rotina é capacitar a gestão para que ela consiga adotar um tipo de liderança que faz sentido de acordo com a cultura da sua organização.
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