Reter talentos é um dos principais desafios da área de RH. Afinal, não existe fórmula pronta para engajar os colaboradores: é preciso combinar diferentes processos e vantagens, como benefícios corporativos e ações estratégicas. Nesse sentido, o job rotation pode ser uma excelente ferramenta!
Além de aumentar a retenção de talentos, o job rotation permite que os colaboradores desenvolvam outras habilidades e até descubram novas metas profissionais. No entanto, para ser eficiente, o processo precisa ser aplicado de maneira estratégica e com a devida orientação.
Neste artigo, você entende o que é job rotation e como ele funciona. Além disso, se aprofunda nas vantagens do processo e confere desafios para se atentar na hora de implementá-lo. Boa leitura!
Segundo pesquisas publicadas pela USP, job rotation é a prática de rotação dos colaboradores em áreas ou em postos de trabalho dentro de uma empresa. O processo visa permitir que as pessoas tenham contato com expertises de outros setores, a fim de utilizá-los em suas próprias funções e/ou carreiras.
Por exemplo: um profissional de RH que deseja aprender mais sobre estratégias de comunicação consegue, por meio do job rotation, passar um tempo no marketing. Dessa forma, aprende com o time e consegue implementar o conhecimento em tarefas do seu próprio setor.
Na hora de abrir uma vaga, o profissional de RH consegue utilizar estratégias de redação, como gatilhos mentais, para que ela seja mais atrativa. Assim, permite que os colaboradores desenvolvam diferentes habilidades, além de tornar as demandas mais estratégicas.
Não existe uma tradução direta de job rotation na língua portuguesa do Brasil. No entanto, de forma livre, podemos defini-lo como “rodízio de tarefas”. Isso porque, na prática, este processo permite que os colaboradores variem suas funções ao passarem um período em outra área ou em outro posto de trabalho.
Por mais que pareça algo novo, o job rotation foi criado há anos: os primeiros registros do processo apontam para a Revolução Industrial do século XX. Atualmente, grandes organizações, como a Unilever, o implementam internamente.
Existem dois momentos nos quais o job rotation é bastante aplicado dentro das empresas. São eles:
É comum que, durante o onboarding, o RH estruture pontos de encontro (como treinamentos) com diversas áreas da empresa, como marketing, compras, facilities, implementação e demais times internos.
A ideia é que os novos colaboradores conheçam os setores, suas responsabilidades e quando cada time consegue apoiá-lo. Afinal, é possível que ele precise se conectar diretamente com áreas internas para realizar determinadas demandas ou resolver problemas.
Esta é uma ideia de job rotation mais pontual e rápida, a fim de que o colaborador tenha visibilidade sobre o funcionamento das áreas. Logo, os treinamentos focam em apresentá-las, destacando as responsabilidades e as funções de cada uma.
Os programas de estágio e de trainee são boas oportunidades de implementar o job rotation. Dessa forma, os colaboradores que estão começando sua carreira conseguem ter contato com diferentes setores e encontrar aquele que possui mais familiaridade.
Ao contrário do onboarding, em que o job rotation acontece de forma pontual (geralmente, por meio de um treinamento), nesses programas ele será implementado de maneira mais aprofundada.
Geralmente, a pessoa estagiária ou trainee fica uma semana, no mínimo, dentro de cada setor. Dessa forma, consegue entender mais sobre os processos e aprender, na prática, como realizar as tarefas daquela área.
No entanto, é válido destacar que o job rotation pode ser implementado em diferentes grupos. Inclusive colaboradores seniores, com mais tempo de casa, podem rotacionar pelas áreas.
Além de permitir que eles aprendam sobre o funcionamento delas, também é uma maneira de promover a melhoria dos setores. Afinal, o conhecimento dos talentos pode ser utilizado para gerar insights diferentes e encontrar oportunidades de aperfeiçoamento.
Mais do que entender o que é job rotation nas empresas, é relevante se aprofundar em como ele funciona. O primeiro passo, portanto, é analisar as necessidades da sua empresa.
Afinal, o job rotation não deve ser criado sem um objetivo. Portanto, compreenda o cenário de cada setor, quais pontos de melhoria seriam relevantes em cada área e quais conhecimentos poderiam ser impulsionados quando conectados.
O setor financeiro e o de compras, por exemplo, podem unir forças para trazer mais lucro para a empresa. O RH pode se juntar ao marketing para analisar a estratégia de atração de talentos e propor melhorias. O time de sucesso do cliente pode ter uma boa conexão com o time de suporte, para pensar em uma jornada do consumidor ainda mais eficiente, e por aí vai.
Com base nos objetivos de cada área, será possível propor um plano para o job rotation. Esse documento aponta cada etapa do processo, descrevendo o objetivo, as boas práticas, tarefas que precisam ser realizadas e, se possível, os indicadores de sucesso.
É importante que o plano para o job rotation seja construído com a liderança de cada área. Dessa forma, os gestores poderão apoiar o processo, garantindo que ele seja implementado com assertividade.
Com os objetivos de cada área e o plano devidamente alinhado, é o momento de conectar colaboradores com diferentes setores. Analise cada time e escolha talentos com habilidades que de fato apoiarão as áreas durante a rotação.
É importante, ainda, escolher um responsável para acompanhar o processo de job rotation dentro de cada setor. Pode ser a liderança da área ou até um profissional mais sênior, que conseguirá apoiar quem estiver fazendo a rotação nas demandas do dia a dia.
Afinal, o processo de aprendizado é fundamental para que de fato seja possível encontrar melhorias nos diferentes setores da organização.
Conforme os dias forem passando, é importante realizar acompanhamentos rotineiros e colher feedbacks com as pessoas envolvidas no job rotation. Dessa forma, consegue alinhar o que for preciso durante o processo, evitando atritos e ruídos.
É interessante, ainda, desenvolver uma ordem lógica por trás do job rotation, principalmente quando ele foca em estagiários ou trainees. Nesse sentido, as pessoas terão um processo de desenvolvimento coerente, chegando às áreas mais complexas da empresa por último.
Por fim, ao final do job rotation, é importante reunir feedbacks e levantar resultados. Compreenda como os colaboradores apoiaram determinada área, se houve melhorias (e se é possível metrificá-las) e quais são os pontos de aperfeiçoamento do processo.
No caso de job rotation para estagiários e trainees, é válido analisar se o talento encontrou uma área que tem mais conexão e se é viável contratá-lo.
Compreender o que é job rotation e como ele funciona são pontos fundamentais para que o processo traga benefícios para sua empresa. Afinal, quando devidamente aplicado, pode trazer diversos benefícios, como desenvolvimento e retenção de talentos, melhorias internas e até aumento dos índices de satisfação no trabalho.
Existem quatro tipos de job rotation que são bastante comuns dentro do mercado. Cada um deles se adapta a um objetivo, de forma que conhecê-los pode ajudar a estruturar seu processo com mais assertividade. Entenda:
O job rotation horizontal rotaciona colaboradores para diferentes funções ou áreas, respeitando sempre a senioridade do talento. Em outras palavras, a pessoa vai para outro setor e continua exercendo tarefas com o mesmo nível de responsabilidade que antes.
O modelo horizontal também permite que a pessoa mude de funções dentro da própria área, a fim de se aprofundar em demandas do setor e aprender mais sobre elas.
Este é o modelo mais comum de job rotation e é bastante utilizado para promover melhorias internas entre os departamentos, ao mesmo tempo que permite que o colaborador consiga continuar desenvolvendo suas habilidades.
No modelo vertical, os colaboradores rotacionam entre cargos e funções de diferentes níveis hierárquicos. Ele é bastante utilizado para permitir que as pessoas tenham responsabilidades em papéis que ainda não exercem, mas podem ter aptidão.
Por exemplo: um colaborador que tem interesse em virar coordenador pode, por meio do job rotation, assumir responsabilidades da função — acompanhado de uma liderança, evidentemente.
Dessa forma, tanto a empresa quanto o colaborador podem compreender se o talento possui alinhamento com cargos de liderança, para construir um plano de desenvolvimento que permita uma futura promoção interna.
Geralmente, o job rotation vertical acontece dentro da própria área. Assim, a liderança consegue realizar um acompanhamento mais assertivo do colaborador.
O job rotation lateral rotaciona o colaborador de área e mantém os mesmos níveis de responsabilidades. Geralmente, ele é realizado quando a pessoa deseja se aprofundar mais ainda nos setores da empresa, adquirindo expertise em diferentes frentes.
Ao contrário do horizontal, que permite que a pessoa rotacione dentro do próprio departamento, o modelo lateral sempre irá rotacionar o colaborador para outra área.
O job rotation cíclico movimenta o colaborador de maneira frequente, de três em três meses, por exemplo. A ideia é permitir que a pessoa tenha contato com diferentes funções de maneira recorrente, sem vínculo específico com uma área.
Este modelo é bastante aplicado entre pessoas estagiárias ou trainees, justamente por permitir que elas aprendam sobre diferentes funções. Assim, no momento da efetivação, é possível direcionar o talento para o departamento que ele teve mais sinergia.
Para compreender o que é job rotation nas empresas é importante conhecer os tipos de rodízio de tarefas e como eles podem ser aplicados. Assim, de acordo com o objetivo do RH, é possível estruturar um processo que realmente atenda às necessidades do setor — e, evidentemente, da organização.
Quando implementado de maneira assertiva, o job rotation implica em diversos benefícios para a empresa. Afinal, essa espécie de intercâmbio interno pode ajudar tanto departamentos quanto colaboradores a continuarem se desenvolvendo. Entenda mais!
Um dos principais objetivos do job rotation é promover o desenvolvimento recorrente, tanto da empresa quanto dos colaboradores. Afinal, quando as pessoas vão para outras áreas, conseguem compartilhar seus conhecimentos e fomentar um ambiente de aprendizado.
Além disso, os colaboradores também aprenderão com a área em que passarão um tempo. Dessa forma, é possível ser estratégico e combinar o job rotation com o plano de desenvolvimento de cada pessoa do time, para que ela utilize este momento para avançar em sua carreira.
No que tange a área, o desenvolvimento também acontece. Afinal, uma pessoa de fora, com outras expertises, pode gerar insights e ter percepções diferentes sobre os processos do departamento. Logo, é possível criar um ambiente de inovação, em que os colaboradores proponham melhorias para o setor.
Para que esses objetivos sejam atingidos, é importante entender o que é job rotation e como ele funciona com assertividade. Dessa forma, o processo trará benefícios para todos os envolvidos.
O job rotation movimenta pessoas para passar determinado período em uma área da qual não faz parte, o que permite que os colaboradores explorem habilidades novas e se formem em diferentes expertises.
Quando alguém do time de marketing começa a entender mais sobre os processos de vendas, por exemplo, pode utilizar esse conhecimento nas ações de publicidade da empresa e, assim, potencializar os investimentos.
Por isso, realizar o mapeamento de colaboradores com os departamentos que serão rotacionados é fundamental. Afinal, isso permite que você conecte talentos com setores que realmente irão desenvolver habilidades relevantes, tanto para o time quanto para a organização.
Ao permitir que os colaboradores tenham uma formação mais ampla, automaticamente, você apoia o desenvolvimento de uma carreira em T. Este modelo combina especialização em uma área específica, ao mesmo tempo que permite que o time tenha contato com conhecimentos e habilidades mais amplas.
A carreira em T desenvolve diferentes habilidades nos colaboradores, o que permite que eles lidem com situações e desafios com a devida preparação.
O job rotation coloca os colaboradores em situações de aprendizado e permite que eles progridam em suas carreiras. Caso interesses em outros departamentos surjam, por exemplo, o rodízio de tarefas possibilita que a pessoa entenda melhor sobre o setor.
Assim, vivencia as rotinas da área e, se realmente gostar, pode tentar uma transferência interna. Logo, não busca por oportunidades em outras empresas, o que diminui o turnover e impacta diretamente a retenção de talentos.
Toda novidade traz consigo desafios e, com o job rotation, não seria diferente. O ponto positivo é que muitos deles podem ser solucionados com cuidados durante a organização do rodízio de tarefas.
Por isso, abaixo, você confere os principais desafios do job rotation e como solucioná-los com antecedência, para mitigar problemas durante o processo. Continue a leitura e entenda!
Mudanças pedem adaptações, mesmo quando são temporárias. Os colaboradores chegarão em uma área nova, na qual terão de aprender as funções para realizar as entregas. Logo, estarão em um cenário desafiador.
Por isso, é importante se preparar para que a adaptação seja um processo mais leve. Logo, é fundamental contar com um responsável por recepcionar e acompanhar o colaborador durante o rodízio.
Além de tirar dúvidas, a pessoa responsável irá organizar quais demandas devem ser feitas, apresentar o departamento, coletar feedbacks e estar disponível para qualquer apoio.
Também é importante analisar o perfil do colaborador que irá realizar o job rotation, para garantir que ele não será alocado em um setor muito complexo para seu momento de carreira. Dessa forma, evita sustos ou inseguranças.
Por fim, contar com um processo devidamente organizado, que menciona objetivo, tarefas a serem realizadas, duração do job rotation e indicadores de sucesso por trás do processo também são importantes para dar mais segurança aos colaboradores.
Caso a adaptação não aconteça ou o colaborador não possua afinidade com o departamento com o qual foi alocado, é possível que o ciclo do job rotation não se complete, o que pode gerar atrasos no processo e até inseguranças.
Por isso, é fundamental organizar o rodízio de tarefas com atenção e qualidade. Afinal, um bom planejamento é peça-chave para que a pessoa consiga realizar as demandas na nova função.
Realizar acompanhamentos rotineiros (e individuais) com os colaboradores que estão passando pelo job rotation também é importante. Assim, consegue identificar possíveis desalinhamentos e realizar orientação de maneira preventiva.
Nem todos os colaboradores podem achar o rodízio de tarefas uma boa ideia. Nesses casos, o ideal é conversar com o time sobre o propósito do job rotation, abrindo espaço para perguntas e mantendo uma comunicação honesta e transparente durante o processo.
Caso algum colaborador aponte resistência, é interessante entender caso a caso. Afinal, esse comportamento pode estar relacionado a outros fatores, como inseguranças, falta de interesse no departamento escolhido para o rodízio, falta de engajamento no trabalho, entre outros.
Ao compreender as razões individuais do colaborador, é possível pensar em soluções. Caso ele não se mostre interessado, ainda assim, o ideal é não forçá-lo a participar do job rotation. Afinal, isso pode levar a outros problemas durante o processo.
O job rotation pode ser um processo positivo para a empresa e para o colaborador, desde que devidamente organizado. Afinal, é um processo que possui desafios e que, sem preparo, pode levar a atritos internos na empresa.
Portanto, a grande questão é estruturar o rodízio de tarefas com cuidado e atenção, inclusive aos detalhes. Durante o processo, acompanhe o andamento e colete feedbacks frequentemente, para mitigar riscos.
Quando bem aplicado, o job rotation diminui turnover, oferece flexibilidade aos colaboradores, abre espaço para desenvolvimento e até permite que diferentes áreas unam esforços para entregar resultados ainda mais expressivos. Logo, é um processo que oferece diversas vantagens.
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